Diário de Bordo - Sérgio

 

25/01/2006

Logo que acordamos tomamos o café e arrumamos as coisas para ir à Parati esperar a Luciana chegar. Saímos quando começou a ventar e fizemos uma ótima viagem velejando o tempo todo até quase chegar à marina. Só ligamos o motor após a ilha do Mantimento. Fiquei o tempo todo no leme curtindo o bom vento e o dia bonito. Paramos um pouco no meio do caminho para um banho de mar. Quando chegamos em Parati fomos logo abastecer o barco com gelo e água. Logo que chegamos na poita a Lu ligou dizendo que já estava na marina. Se tivéssemos combinado horário não teria dado tão certo. Descemos logo do barco e encontramos os amigos Pedro, Fábio e família. As crianças foram logo brincar com o Pedro, de quem ganharam carrinhos, e eu fiquei matando saudades da Lu. Após levar as malas da Lu e coisas que ela comprou para passarmos alguns dias no barco resolvemos ir jantar em Parati na creperia da Cristina. Comemos muitíssimo bem e depois fomos tomar o tradicional sorvete. Após um curto passeio por Parati embaixo de chuva fomos para o barco dormir e descansar das nossas viagens.

 

26/01/2006

Acordamos cedo, tomamos café no barco com as poucas coisas que havia e fomos até a marina. Enquanto as crianças ficaram brincando com os amigos, eu e a Lu fomos até Parati para sacar dinheiro e comprar as coisas que faltavam para o mercado. Quando retornamos, em virtude de uma frente fria que estava para entrar, resolvemos pernoitar em Jurumirim. Quando estávamos chegando lá vimos a ponta de um mastrinho de um dos barcos que faz passeios na região para fora da água. Não sei o que aconteceu, mas para afundar lá tão perto da praia, deve ter sido algo muito repentino. Chegando em Jurumirim ancoramos, tomamos um banho de mar e as crianças desceram na praia para brincar com outras crianças. Fizemos então um ótimo churrasco de picanha e fomos dormir cedo para seguir para Ilha Grande bem descansados no dia seguinte.

 

27/01/2006

Acordamos e já fui arrumando o barco para seguirmos para Ilha Grande. O tempo estava bonito, mas na direção de Ilha Grande só se viam nuvens de chuva. Saimos no motor e logo as crianças acordaram. Fiz café para todos enquanto motorávamos em direção à Ilha. Vimos vários passáros marinhos e fomos conversando e cantando até a Ilha. O vento apareceu muito fraco e apenas auxiliava o motor. Chegando em Ilha Grande fomos direto para a Lagoa Verde. A água estava muito bonita, mas fria. Mergulhamos um pouco, vimos frades, peixes-anjo e um peixe-cofre e resolvemos voltar ao barco para colocar as roupas de neoprene. O Jonas resolveu ficar no barco pois estava com frio na água. Quando estávamos seguindo para a junção da Ilha Grande com a Ilha Longa entrou uma chuva forte e muito vento. Retornamos logo ao barco e resolvemos sair de lá e procurar abrigo em Sítio Forte. Logo que saímos o vento e a chuva apertaram. As crianças ficaram dentro da cabine lendo e eu e a Lu ficamos com as respectivas roupas de neoprene embaixo da chuva torrencial que caia (chegava a machucar a pele). Foi muito bonito ver a tempestade, com muita água caindo do céu e o mar agitado. Logo chegamos à Sitio Forte e a primeira ancoragem não teve sucesso. Tivemos que levantar a âncora e descê-la outra vez em outro lugar mais afastado dos vários barcos que estavam lá. Tirei logo a roupa de neoprene e tomei um banho de mar (a água estava quente), subi no barco, me sequei e fomos preparar o almoço: picanha na frigideira (nem pensar em usar a churrasqueira), arroz e salada de tomate e cenoura. Após um excelente almoço, fomos fazer os diários atrasados e ler um pouco, deixando a chuva cair lá fora. O sono bateu cedo, assim que escureceu e fomos dormir logo.

 

28/01/2006

Fizemos logo um bom café da manhã pois os planos eram mergulhar muito. Após o café fomos direto para a “Lagoa Azul” para a Lu conhecer. Fomos costeando e mostrando o lindo litoral de Ilha Grande para ela. Chegando em Lagoa Azul vimos que estava repleta de lanchas. Era sábado e o número de barcos em finais de semana nesses lugares aumenta muito. Ancoramos o veleiro no meio da “lagoa”. Quando acabamos de ancorar vimos um cachorro nadando e ficamos especulando se caiu de algum barco e tentamos chamá-lo. Ele não deu bola e seguiu direto para uma casa que há em Ilha Comprida! O cachorro atravessa toda a lagoa a nado e isso deve ser diário! O maior perigo para ele é ser atropelado, pois o trânsito de lanchas a toda velocidade no local é grande. Fomos de bote para o local de mergulho, entre a Ilha Redonda e Comprida. Lá chegando, tivemos que passar com cuidado entre as várias lanchas que fechavam a passagem. Quando caímos na água, vimos que estava fria e com pouca visibilidade (em comparação com a última vez que mergulhamos). Vimos poucos peixes e poucas estrelas. Por outro lado, as lanchas e pequenos barcos a motor passavam a toda do nosso lado causando uma sensação de perigo. Resolvemos sair dali e fomos mergulhar no outro lado da lagoa, entre Ilha Grande e Ilha dos Macacos. Apesar da água turva, vimos muito mais peixes. A água ali estava um pouco mais quente. Foi um mergulho bonito e com muitos peixes pequenos coloridos, além de uma tartaruga. Voltamos ao barco, fizemos um lanche e resolvemos ir voltando, pois o tempo estava fechando. No caminho, paramos despretensiosamente na ponta de Aripeba para outro mergulho e talvez pegar um peixe para a janta. Que mergulho! A água estava linda e vimos muitos frades, peixe-trombeta, peixe-cofre, muitas estrelas-do-mar, uma manduréia (que assustou a Lu!), uma moréia, uma tartaruga numa toca, uma outra nadando (poderia ser a mesma), uma pedra forrada com lindas anêmonas amarelas abertas parecendo pequenas flores, etc. E a água estava mais quente e mais limpa que a lagoa azul! Foi realmente o melhor mergulho do dia. Já eram 19:00 hs e voltamos ao abrigo do Sítio Forte para o pernoite. Ancoramos, colocamos o toldo e fui fazer um macarrão com atum para todos (a fome estava grande). O macarrão ficou ótimo e, após os banhos, fiquei com a Lu na proa curtindo um pouco a noite gostosa, enquanto as crianças liam ao som de Legião Urbana. O sono bateu cedo em função de todas as atividades do dia.

 

29/01/2006

Acordamos e logo pulei na água para um rápido banho. Não chovia, mas o dia estava meio nublado, apesar de quente. Após o tradicional café da manhã (misto quente, queijo quente, geléia, sucos, ovos mexidos, chá, etc.), fomos logo para a Lagoa Verde para mergulhar. A Lu pode ver desta ver o lindo litoral entre Sítio Forte e a Lagoa Verde, pois da última vez que passamos lá foi embaixo de forte chuva e sem visibilidade alguma. A praia da Longa é linda e vou tentar parar lá da próxima vez. Chegamos na Lagoa Verde e já havia alguns barcos, mas poucos. Vestimos as roupas de mergulho e fomos mergulhar. O Jonas ficou no bote quase o tempo todo com medo das águas-vivas, que eram poucas, mas, para ele que “não bota a mão em cumbuca”, estavam em excesso. Fizemos um mergulho muito bonito, novamente vendo uma variedade enorme de lindos peixes e estrelas do mar. A Carol com seu olho clínico via tudo antes de nós. Ao retornar ao barco, arrumamos tudo rapidamente para seguirmos para Jurumirim em Parati. A chuva começou a entrar e resolvemos não tirar a roupa de neoprene. As crianças ficaram dentro do barco lendo enquanto navegávamos e fizemos uma ótima viagem, apesar do pouco vento. Tentamos pescar no corrico, mas novamente não pegamos nada. Depois de três horas e meia de viagem, com motor e vela ajudando, chegamos em Jurumirim. Logo que ancoramos, apareceu o Thalassa, do amigo Maurício, com um amigo do colégio junto: o Felipe. As crianças logo foram brincar com eles na praia com o bote e eu fiquei arrumando um monte de coisas a bordo com a Lu. Estávamos exaustos e, após um banho de mar (com um certo stress de “parte da tripulação” que não gosta de água fria), fizemos um jantar com salada de tomate, cenoura e escarola, sardinhas em lata, uvas e um bolinho de laranja delicioso. Dormimos logo muito cansados.

 

30/01/2006

Acordamos cedo, pois a Lu tinha que ir embora. Passamos no Thalassa para dar adeus, mas todos dormiam. Fomos para a marina e, quando estávamos quase chegando lá, batemos num tronco de 10 metros de comprimento na entrada da marina. Ainda bem que eu estava indo bem devagar em aproximação da poita. O tronco estava submerso e, quando batemos ele subiu. Que susto! Dei ré devagar e ele saiu debaixo do barco. Quando paramos avisamos o marinheiro responsável da marina (o Nonoco) para retirá-lo se o visse. Fomos tomar café na marina e depois buscamos as malas da Lu no barco. Também estavam indo embora o casal argentino Guillermo e Maria com suas filhas, que ficaram no Peter Pan neste começo de ano também e com quem fizemos amizade. Após a partida da Lu (chuif!), fomos até o barco arrumar as coisas e passar os diários para o computador. Arrumei duas vigias que tinham quebrado e, depois de botar a “casa em ordem”, fomos para Parati almoçar. Aproveitamos e levamos roupas para lavar, principalmente as toalhas de banho, que já estavam muito salgadas. Comemos na Costelaria Da Varanda, que é muito boa e todos adoramos. Ela fica próxima do Mercado Rosado, no mesmo lado da avenida. Comemos sorvetes na Ice Parati e fomos comprar colas e óleo de motor que precisávamos. Aproveitamos para tomar água de coco na frente do píer de Parati. Na saída do centro histórico, eu e o Jonas cortamos o cabelo em uma barbearia. Na seqüência fomos ao mercado comprar algumas coisas de comida e bebida e voltamos para a marina. Tomamos um bom banho de piscina, depois de chuveiro com muita água quente e doce (quem já ficou muito tempo no mar sabe como é bom isso) e carregamos tudo que compramos para o barco. Passamos mais diários no computador, vimos DVD e dormimos “acabados”.

 

31/01/2006

Acordamos tarde e curtimos bem a cama hoje. Aproveitei a manhã para fazer uma série de pequenas manutenções no barco. Colei o fundo do bote para não vazar mais água para dentro dele, colei um pedaço de madeira que tinha quebrado da tampa do motor, arrumei roupas, água e óleos nos seus lugares, etc. As crianças fizeram suas atividades também. Durante o trabalho, começou a chover muito. Ficamos no barco esperando um pouco e, quando a chuva parou, fomos para Parati almoçar. Aproveitei para fazer um depósito que precisava no banco, almoçamos e fomos passear. Como a maré estava cheia, fomos para o porto. As crianças adoram ver Parati cheia de água! Imagina se vissem as enchentes de São Paulo!!! (rsrsrs). Após o passeio fomos a uma lan-house e aproveitei para ver algumas coisas que precisava: e-mail´s e informações sobre a regata da ilha de Caras e da Refeno. Tomamos um açaí e meu irmão me ligou dando notícias de meu pai que tinha feito alguns exames e dando a boa notícia de que virão no dia 18 de janeiro. Passamos no mercado para comprar mais água (é bom ir levando de pouco em pouco, para não pesar muito) e voltamos para a marina. Após um bom banho fomos para o barco. Fizemos um lanche em vez de jantar, fizemos mais alguns trabalhos no computador e dormimos cedo.

 

01/02/2006

Acordei e logo fui preparar fotos para colocar no diário e fazer páginas dos passeios, que estão atrasadas. Após um bom trabalho e um bom café da manhã, fomos para a lan-house em Parati. Lá recebi a mensagem da secretária do Cabanga Iate Clube de Recife com data da Refeno deste ano: a largada será dia 23 de setembro de 2006 e esperamos estar todos lá. Após subir as páginas de internet e fazer alguns pagamentos bancários na internet, fomos almoçar na costelaria. Como sempre a comida estava muito boa e experimentamos a costela de porco (um pouco gordurosa para meu gosto) e um excelente “bife a Betão”. Deu a louca e resolvemos dar uma passeada de carro pela estrada que leva até Angra dos Reis para ver de terra as ilhas por onde passamos. Foi uma bela viagem. Paramos na Praia Grande que fica na frente de Ilha do Araújo, que me lembrou muito Picinguaba, com sua vila típica de pescadores. Depois paramos em Tarituba, um lugar agradável e bonito, onde comemos  mousses e onde tem um mercadinho, se precisarmos de outra vez. Seguimos pela estrada e passamos pela imensa usina. Paramos diversas vezes para fotografar e ver as ilhas já conhecidas: Cedro, Sandri, Araraquara, etc. Paramos também numa curva onde se descortina toda a enseada com Bracuhi, Frade, Cunhambebe, Paquetá, Itanhangá, etc. A vista é maravilhosa. Não vejo a hora de voltar a passear de veleiro pelas ilhas, mas tenho que esperar minha cirurgia dia 6, segunda-feira. Fomos até Bracuhi e lá procuramos o Acauã, veleiro dos amigos Webber e Miriam. Achamos o veleiro, mas eles não estavam lá. Acho que não voltaram ainda de Porto Alegre. Conhecemos o Sérgio e a Rita do veleiro Yanam, moram no barco e estão preparando o novo Yanam para viajar. Retornamos para Parati, passamos no mercado e fomos para a Marina. Após o banho retornamos ao barco embaixo de uma garoa fina. Eu estava muito cansado e logo fui dormir. O Jonas e a Carol prepararam o jantar, que estava muito cheiroso, jantaram e todos dormimos embaixo de uma chuva gostosa.

 

02/02/2006

Dormi quase 12 horas, mas acordei bem disposto e animado. Acho que estava chocando alguma gripe. Tomamos o café da manhã e demos um pulo em Parati. Recebi uma má notícia sobre “gastos com celular” que não esperava. Vou ter que diminuir em muito o consumo de telefone e limitar ainda mais as atualizações dos diários e fotos da viagem para quando eu tiver acesso às lan-houses. Meio desanimado fomos para Parati e conversei com as crianças sobre isso, pois vamos limitar também a conversa com os avós ao telefone para diminuir o gasto com “roaming” que é um absurdo. Meio calado e pensando em alternativas, fomos até a livraria-café que nos lembra o Ponto das Letras. Lá o Jonas comprou um livro que queria e a Carol veio com um presente para mim: o livro “Estórias de Robôs” volume 3 (já lemos o 1 e o 2). Com um abraço, um beijo e o presente dado do fundo do coração, ela levantou o meu astral. Ficamos presos na livraria pela chuva forte que inundou todas as ruas. Não nos alteramos e ficamos lendo alguns livros e revistas (estávamos no lugar que gostamos com uma chuva dessas!). Quando a chuva diminuiu fomos comer num lugar que tem pastéis com 30 cm de comprimento e muito bem recheados! As crianças adoraram. Fomos passear para ver a cidade inundada e o tempo melhorou apenas em cima da cidade, abrindo muita luz e criando um efeito muito bonito, pois tudo em volta estava muito cinza e escuro. Passeamos no píer do porto e depois seguimos para o mercado comprar algumas coisas para jantar no barco. No mercado, a surpresa: encontramos com a Daniele, antiga amiga e regente do Coral São João de Ilhabela onde eu cantava com muito gosto por cantar e pelas amizades (que saudades!). Batemos papo, conhecemos seu primo Roni, perguntamos do Pedro, Marcelo e Beto e nos despedimos ainda surpresos com mais essa coincidência (foram várias em Parati). Voltando à marina tomamos nosso banho e remamos para o barco embaixo de garoa leve novamente. Jantamos e então peguei um livro que estava lendo antes de viajar para continuá-lo: “O Corsário Vermelho”. As crianças brincaram um pouco e coloquei-as para dormir. Não consegui parar de ler até acabar o livro às 4 da manhã.

 

03/02/2006

Acordei bem disposto a resolver nossos problemas de “comunicação” e fazer uma série de coisas que precisavam ser feitas. Tomamos café e logo fomos abastecer o barco de água doce no píer. Aproveitei para ir buscar gelo e diesel na marina ao lado de carro, que é mais fácil do que encostar o barco lá, enquanto as crianças viam o nível de água do tanque do barco. Após tudo pronto tomamos um banho de piscina e levamos o Fandango de volta para a poita. Na manobra quase perdemos o bote, pois foi mal amarrado na hora de encostar no píer. Após o susto, encontrar o bote, uma “palestra” sobre todos os nós terem de ser muito bem feitos, seguimos para a poita. Fiz o almoço (arroz com polenguinho, que fica uma delícia) e testei minha conexão sem fio do computar. Para minha surpresa funcionou! Quando comprei o notebook o vendedor me disse que não tinha conexão sem fio. Quando o vi, reparei que tinha alguns botões para tanto. Só que achei que não tinha algum componente interno. Dessa forma, com a conexão funcionando, posso usar me conectar em alta velocidade aqui da marina mesmo. No barco o sinal é ruim, mas já me falaram que perto da antena a conexão fica muito boa. Fomos para Parati e comprei o microfone/fone de ouvido para usar um software para fazer ligações telefônicas. Passamos na lan-house, puxei e instalei o Skype. Aproveitei para testá-lo e falar com o Cleber da SpeedMax, que sempre muito gentil conosco, me ajudou na instalação. Satisfeito com o sucesso e a possibilidade de falar com as pessoas queridas sem custo telefônico, fomos tomar um sorvete e passear por Parati. Após os passeios por novas travessas da cidade por onde não havíamos ainda passado, fomos ao mercado comprar algo para jantar. Voltamos à marina, tomamos banho, jantamos e ficamos vendo as estrelas que fazia tempo que não apareciam. Dormimos cedo para passear na Ponta Negra no dia seguinte. No meio da madrugada acordei com barulho ao lado do barco. Pescadores estavam recolhendo uma rede para pegar paratis ao lado do barco e a rede enroscou no leme. Soltaram sem dificuldade e eu aproveitei para olhar o céu que prometia um dia muito bonito para o passeio.

 

04/02/2006

Levantamos cedo para fazer o passeio até a praia da Ponta Negra. O dia estava lindo e rapidamente fizemos nossas obrigações, fomos para a marina, pegamos o carro e fomos tomar café na casa da Berê, que havia nos convidado. Saímos da cada da Berê e fomos para a praia de Laranjeiras, onde saem os barcos para a Ponta Negra e Praia do Sono. Ficamos esperando quase duas horas o rapaz do barco se liberar e quando acabou a paciência, chamamos outro barco para transporte. Só nos permitem entrar no condomínio quando o barco já está no píer esperando. Deixamos o carro do lado de fora (não é permitida a entrada), pegamos uma perua do condomínio que nos leva graciosamente para o portinho e fomos vendo as belas casas, campo de golfe, helicópteros e lanchas dos proprietários das casas. Chegando no porto pegamos o pequeno barquinho de fibra com motor de popa e rapidamente chegamos na praia da Ponta Negra. No caminho fomos vendo as maravilhosas praias quase desertas e sem acesso de carro se descortinando: Sono, Antigos, Antiguinhos, Galhetas e, finalmente, a praia da Ponta Negra. Ela é uma típica praia de pescadores muito bonita e ainda muito isolada. Ajudamos a carregar algumas coisas para a casa da Berê e em seguida andamos uns 20 minutos até uma cachoeira maravilhosa. Tomamos um banho muito refrescante num poço que tinha duas duchas, uma bem forte, e retornamos. Já era tarde e, após um ótimo banho de mar e de rio, comemos um peixe frito com arroz, feijão, farinha e salada no barzinho da praia. A comida estava ótima e, enquanto as crianças brincavam e faziam amizade com outras crianças, eu dormi um pouco sentado ali na mesa mesmo. No final da tarde retornamos com a traineira de pesca do Careca, que faz transportes dia e volta para a praia e é pescador. Demos uma carona para o sogro dele até Parati, deixamos a Berê em casa e fomos para a Marina. Já era noite, mas como estava quente e a piscina é aquecida, aproveitamos um bom banho nela, brincamos um pouco e depois fomos tomar banho de chuveiro. Voltamos ao barco, fiz um croquetes de carne horríveis para o jantar e dormimos esgotados e ansiosos, pois amanhã teremos visitas de Ilhabela.

 

05/02/2006

Acordamos cedo para dar uma arrumadinha no barco, tomar café e esperar os primos e amigos Nelson, Cristina, Ubiratã (Bira) e Amanda que estavam vindo de Ilhabela nos visitar. Eles, como nós, eram de São Paulo e “fugiram” para a Ilha em busca de melhor qualidade de vida. O mais engraçado foi que nos encontramos em Ilhabela fazem mais de sete anos sem saber mutuamente da mudança. Eles demoraram um pouco para chegar e, logo que chegaram, fomos todos para a piscina da marina para refrescar um pouco. O Nelson me fez o favor de trazer correspondências da Ilha e também a revista Ilhabela em papel, cuja qualidade está cada vez melhor. Em seguida subimos no barco que estava amarrado ao píer para facilitar o embarque e saímos para passearmos pela enseada de Parati. Logo levantamos as velas para que o Nelson, a Cristina e as crianças pudessem entender um pouco o que é velejar. O vento estava fraco mas agradável. Logo as crianças abaixaram a escada e mostraram como é o “isca de tubarão” (rebocar as pessoas velejando). Fomos todos para a água, um de cada vez, velejando e nos refrescando com um ótimo banho de mar. Fomos velejando até a enseada de Jurumirim, pegamos uma poita e descemos na praia. A Carol e o Bira (que também adora água) praticamente não saíram do mar e nós demos uma passeada pela praia e ficamos conversando numa sombra. Quando bateu a fome fomos até o gostoso restaurante perto da praia e pedimos peixe, arroz, feijão e fritas, que contentou e satisfez a todos, até com sobra de peixe (infelizmente, pois odeio deixar sobrar). Retornamos ao barco e velejamos até a marina onde não resistimos a mais um pulo na piscina. Após todos se arrumarem, fomos até Parati para tomarmos sorvetes e então nos despedirmos, pois já era tarde e eles precisavam voltar para a Ilha. Nós passeamos mais um pouco e voltamos ao barco muito cansados. Dormimos amarrados ao píer pois amanhã farei a minha cirurgia do dente do ciso. “Deus me proteja”, ai, ai!

 

06/02/2006

Acordamos e fomos para Parati para fazer a cirurgia. Chegando lá, tudo estava pronto e logo entrei na sala do dentista. Após uma série de preparativos, ele me disse que ia balançar um pouco o dente para soltá-lo um pouco. Quando começou a balançá-lo, percebeu que ia ser fácil tirá-lo inteiro e assim o fez. Ou seja, em um minuto o dente estava fora e inteiro. Que alívio! O outro ciso que tirei levou duas horas para sair e só saiu aos pedaços. Depois das recomendações de não fazer esforço, descansar, não tomar sol, comer apenas alimentos líquidos ou pastosos e apenas frios nos dois primeiros dias, saímos de lá e logo fui tomar um sorvete e dar café para as crianças. Após o café, voltamos para a marina e descansei um pouco deitado. As crianças faziam tudo e, sempre que eu precisava, pegavam água ou refrigerante gelado para mim. Aproveitei para fazer algumas coisas no computador e ler um pouco. Quando fomos almoçar na marina, a surpresa: o restaurante estava fechado. Eu estava bem e fomos para Parati almoçar. Comi um copo de requeijão enquanto as crianças comeram no “Saboroso”. Depois fomos tomar mais sorvetes. Voltamos para a marina, descansei, as crianças fizeram uma sopa para mim, a qual deixamos esfriando. Consegui ainda ver o problema de uma luminária que não funcionava e ver as correspondências que o Nelson havia trazido para mim. Assim foi passando o dia: eu estava melhor no pós-cirurgia do que fiquei com a inflamação e as crianças cuidando de mim. Dormi bem e sem dores.

 

07/02/2006

Acordamos cedo e fomos para Parati para fazer aplicação de laser no local da cirurgia. Após a rápida aplicação, tomamos café numa padaria. Passei o dia todo só bebendo coisas frias e geladas (sorvetes, requeijão e sucos naturais). Como estava bem, aproveitei para fazer atualizações do site e enviar e-mail’s. No final da tarde, tivemos nossa primeira aula a bordo: ciências. Como esperava, já no primeiro capítulo de cada livro dos dois havia coisas que havíamos visto na viagem e que foram motivos de comentário e exemplificação. Até uma referência ao acidente de Chernobyl havia no livro da Carol, reforçando tudo que havíamos falado sobre energia limpa (não perigosa e não poluente) quando passamos pela usina nuclear de Angra. Resolvemos voltar lá, ver uma palestra que eles tem sobre a usina e a energia nuclear, fazer um texto e enviá-lo  para a escola. Sobre os seres vivos e suas adaptações ao meio ambiente, que também fazia parte do capítulo, foi a maior babá exemplificar e explicar, pois é o que vemos todos os dias: mergulhões adaptados para submergir e nadar em busca de seus peixes; peixe-pedra e cação-viola com seus mimetismos; o fim das estrelas-do-mar enormes que havia em quantidade em Ubatuba (e que vemos em quantidade em Angra) pela sua captura para servir como “enfeite” mostrando a interferência negativa do homem no meio ambiente. Se fosse falar de tudo que conversamos nessa “aula”, o diário iria ficar muito longo. Depois da aula caiu uma chuva forte e ventos de 20 nós atingiram o barco na marina, mas estávamos bem protegidos e aproveitamos para ler nossos respectivos livros. As crianças ainda viram um episódio do Perdidos no Espaço e dormimos gostoso com o friozinho que a chuva havia trazido. Nossa primeira aula tinha acontecido e meu maior medo (como seria ser “professor”) começou a diminuir.

 

08/02/2006

Acordamos tarde. Fomos ao dentista para a aplicação de laser e para ele dar uma olhada no local da cirurgia: está tudo ótimo no pós-cirúrgico. Tomamos café numa pequena e gostosa lanchonete: como é bom poder tomar um café com leite após vários dias de comida fria! Voltamos à marina e fomos comprar gelo de carro na marina ao lado. Tomamos banho de piscina para afastar o calor e almoçamos no restaurante da marina. Comi purê de batata e caldo de feijão, mas como estava bom! Trabalhei no site, as crianças fizeram seus diários e em seguida começaram a estudar. Os temas do dia foram história e matemática. Como caiu uma chuva forte no final do dia, ficamos no barco lendo e estudando. Estou no final do livro “Fortaleza Digital” e ele está ótimo. É muito bem escrito e o autor foi muito bem assessorado na área de informática. Dormimos tarde, pois esticamos nas nossas “atividades intelectuais”.

 

09/02/2006

Acordamos cedo para ir ao dentista fazer a aplicação de laser. Em seguida passamos na lanchonete de ontem novamente e tomamos nosso café lá. Voltamos para a marina, onde as crianças foram na piscina e fizeram seus diários enquanto eu acabava de ler o “Fortaleza Digital”. A trama toda foi muito bem escrita, é cheia de surpresas e o suspense no livro é constante, o que o faz difícil de parar de ler. Depois disso resolvemos dar um pulo até Angra e visitar o centro de informações das usinas nucleares em função do livro de ciências da Carol falar sobre Chernobyl logo no primeiro capítulo. O centro é bem montado e muito interessante. Ele é cheio de maquetes e esquemas sobre fissão nuclear e os componentes das usinas e fica bem ao lado delas. Foi uma bela aula e é uma maravilha de projeto de engenharia. As crianças adoraram e compreenderam bem todo o esquema de geração de energia.

Mas sobram sempre algumas perguntas com respostas não satisfatórias. Porquê o Brasil investe tanto na geração de energia elétrica com um meio que gera um resíduo altamente radioativo e que leva 3.000 anos para “desaparecer” com o enorme potencial hídrico que tem? Quantas usinas hidrelétricas poderiam ser construídas e quanta energia elétrica gerariam com todo o dinheiro já gasto com as usinas nucleares? O que eles tentam passar é que a usina nuclear é limpa e sem riscos. Só que os fatores de comparação que eles usam são usinas movidas a diesel e carvão que são altamente poluentes. Eles usam a falta de energia que aconteceu há dois anos como desculpa para a construção de Angra 3 e para justificar Angra 1 e 2. Só não falam que se houvessem sido construídas mais usinas hidrelétricas com o dinheiro dessas usinas nucleares, muito provavelmente não teria acontecido a falta de energia. Bem, não adianta reclamar agora. Torçamos que as defesas que eles mostram no centro de informações contra vazamentos sejam suficientes e que acidentes não aconteçam, porque a região é bela demais para ser destruída.

Voltamos para a marina e as crianças fizeram sua aula de matemática. Eu tenho atuado mais como orientador e tenho feito correções dos exercícios que eles fazem. Eles mesmos tomam a iniciativa de estudar, lêem o capítulo e respondem as questões. O papel de “professor” tem sido muito fácil. Pouco tenho que explicar ou tirar dúvidas. Acho isso ótimo pois aprender a estudar sozinho e gostar disso é importantíssimo nos dias de hoje se você não estiver num grande centro. Depois assistiram um capítulo do “Perdidos no Espaço” e fomos todos dormir.